Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) vão erguer o primeiro prédio brasileiro com climatização sustentável. A construção do Centro de Inovação em Construção Sustentável (CICS) da Escola Politécnica da USP vai utilizar a troca de energia térmica entre o prédio e o solo.
Chamada de geotermia, a tecnologia vai servir como um sistema de ar-condicionado natural para retirar o calor do prédio. “A vantagem desse tipo de tecnologia é que como o solo está a uma temperatura mais baixa e constante ao longo do ano, a gente aumenta muito a eficiência do sistema de ar-condicionado”, explicou à CNN o professor da Escola Politécnica (Poli) da USP Alberto Hernandez Neto.
Climatização sustentável vem do solo
“A ideia é usar tubos de polietileno por dentro das fundações enterradas no terreno e, por eles, circular um fluido (normalmente água) para trocar calor com o subsolo, que tem temperatura constante, usada para aquecer ou resfriar ambientes com auxílio de uma bomba de calor”, explicou a professora que desenvolveu o projeto, Cristina Hollanda Cavalcanti Tsuha, em entrevista ao Terra.
As tubulações, por sua vez, permitem que a climatização do lugar seja feita aproveitando a temperatura constante do solo. Experimentos feitos em São Paulo apontam que a temperatura do terreno fica em torno de 24 graus celsius. A bomba remove calor dos ambientes no verão e dispersa no solo e, no inverno, transfere calor para os ambientes.
Menos energia e mais sustentabilidade
Os pesquisadores calculam que a geotermia pode reduzir entre 40% e 60% o consumo de energia elétrica de prédios comerciais, hospitais ou hotéis. Isso porque, ela consegue retirar o peso do custo do ar-condicionado, que é responsável por 50% da conta de energia de uma empresa.
“A geotermia superficial é uma energia limpa, que diminui a emissão de dióxido de carbono na atmosfera”, disse a professora Tsuha, em entrevista ao UOL. Por tantos benefícios, a tecnologia já tem sido usada em prédios no exterior do Brasil. A sede do Google, por exemplo, utiliza o sistema geotérmico para climatização.
Climatização sustentável, de novo ao retrofit
O projeto do CICs já está sendo desenvolvido com esse sistema e é essencial para o monitoramento da tecnologia e a criação de padrões para torná-lo possível de ser adotado no resto do Brasil. A avaliação será feita para, por exemplo, entender quando o solo pode ficar quente demais a partir da troca de temperaturas.
Além das novas construções, há também a possibilidade de se fazer adaptações em prédios que já existem, por meio de redes de tubos nos pisos, tetos e paredes para circulação de água que vai aquecer ou resfriar os ambientes, utilizando-se a escavação de poços ou valas.
Fonte: Habitability, oferecido por MRV&CO.