São Paulo está assumindo, ainda que de forma tímida, o caminho da verticalização sustentável — é hoje a cidade brasileira que tem o maior número de construções sustentáveis certificadas. No Brasil, o selo Aqua-HQE, aplicado pela Fundação Vanzolini, está presente em mais de 781 edificações prontas ou em construção, 30% delas sediadas na capital paulista. A GBC Brasil, entidade que concede os selos LEED e GBC Casa & Condomínio, aponta para um cenário bem similar: dos 821 empreendimentos já concluídos e certificados no país, 35% deles estão em São Paulo.
A Fundação Vanzolini criou um ranking dos bairros mais sustentáveis de São Paulo, usando como critério os que sediam mais edifícios com o selo Aqua-HQE. A Vila Mariana lidera a lista como a região mais sustentável não só da capital, mas de todo o país, com 23 edificações certificadas. Em segundo lugar está Tatuapé, com 16 prédios; em terceiro, Lapa e Chácara Santo Antônio, empatados com 11 empreendimentos com o selo; Perdizes tem oito; e Vila Madalena, Vila da Saúde, Jaguaré e Campo Belo têm seis edifícios certificados cada um.
“O ranking mostra o começo de uma mudança. Estudos apontam que cada edificação sustentável consegue impactar uma quadra no entorno do imóvel. Mas, se um bairro tiver uma grande quantidade de construções sustentáveis, haverá impacto positivo na região inteira”, explica a presidente da proActive, a engenheira civil Ana Rocha Melhado.
Consultora especializada em projetos saudáveis e sustentáveis, ela orienta incorporadoras que desejem receber não apenas o Aqua, mas também o LEED, o GBC Brasil Casa, o Edge e outros. “Se houver um crescimento ainda maior de construções sustentáveis em todos os bairros, melhores serão os benefícios para a cidade”, conclui.
A depender do interesse real de incorporadoras e construtoras em adotar o green building, isso acontecerá em um futuro próximo. “Na comparação de janeiro de 2021 com o mesmo mês deste ano, o aumento nas contratações da Aqua-HQE foi de 387%”, afirma Bruno Casa-grande, gerente de Marketing da Área de Certificação da Fundação Vanzolini.
Um dos motivos para esse aumento tão expressivo está ligado aos negócios, pois o mercado já começa a exigir edificações certificadas. Para Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, vice-presidente de Desenvolvimento do Sinduscon-SP, o ESG fortaleceu a governança.
“É essencial buscar essas certificações porque os recursos dos fundos mundiais estão atrelados às metas das emissões de carbono. No Brasil, as linhas de crédito de alguns bancos têm condições melhores para empresas de baixo impacto ambiental. E esse é um caminho sem volta”, avalia.
Uma construção sustentável pode contribuir para valorizar os imóveis em até 20%. “O mercado já entendeu que as boas práticas reduzem substancialmente o risco para investidores. Uma pesquisa da FGV de 2018 mostrou que projetos com selo LEED representavam aumento de 4% a 8% no valor do aluguel — e a vacância era menor”, informa Felipe Faria, diretor do GBC Brasil.
Diretora Jurídica, de Compliance e de Sustentabilidade na Cyrela, Rafaella Carvalho concorda. “Cuidar do meio ambiente e ter responsabilidade social e boas práticas de governança tornou-se obrigação nos negócios”, afirma.
Fonte: Valor Econômico