Planejamento integrado e aplicação do Lean Construction melhoram em 60% a produtividade na etapa de fundação

Desafio de Fundações no Diagonal by Pininfarina: durante a fase de fundações do empreendimento Diagonal by Pininfarina, enfrentou um desafio técnico relevante: a execução de 579 estacas, com armaduras de até 14 metros de comprimento. Uma parte significativa dessas estacas demandava cravação em rocha, o que aumentava consideravelmente a complexidade do processo. O serviço era executado por uma empresa terceirizada, que apresentava limitações operacionais, como: • Ausência de processos padronizados • Baixa integração entre as equipes envolvidas • Utilização de ferramentas e equipamentos defasados. Apesar da produtividade média estar alinhada com o padrão de mercado — cerca de 20 metros por dia —, esse desempenho era insuficiente frente às exigências do cronograma e à complexidade da obra. Diante desse cenário, identificaram-se riscos concretos de atrasos e de baixo desempenho produtivo. A situação exigiu uma atuação estratégica da equipe de engenharia responsável pela gestão da obra, visando mitigar os impactos e garantir o cumprimento dos prazos estabelecidos.

Para superar o desafio, unimos análise técnica e colaboração com nossos parceiros. Aplicamos a Folha de Estudo de Processos (ferramenta Lean Construction que identifica atividades que agregam ou não valor), o que nos permitiu mapear etapas, localizar gargalos e reduzir desperdícios através de ações de melhoria. A cooperação com a Fundap Sondagens e Fundações foi essencial para transformar um processo engessado em um modelo eficiente de execução de estacas. Inicialmente sem procedimentos padronizados e com produtividade de apenas 2 a 3 estacas por máquina/dia, a Fundap foi integrada ao nosso processo de planejamento. Criamos uma parceria baseada em transparência, com participação direta de seus líderes em reuniões semanais para definição de metas, planejamento de frentes e antecipação de restrições. Durante o processo, identificou-se a necessidade de modernizar equipamentos, resultando na aquisição conjunta de um martelo de fundo mais moderno, que reduziu significativamente o tempo de perfuração em rocha. Em paralelo, desenvolvemos um procedimento padronizado com práticas de gestão, logística e segurança.

Para superar as limitações iniciais, estruturamos um conjunto de medidas de gestão, logística e técnica. O primeiro passo foi integrar a equipe terceirizada ao planejamento semanal, envolvendo líderes de frente nas reuniões de PCP. Com isso, metas claras e antecipação de gargalos reduziram o tempo de mobilização entre estacas de 40 para 20 minutos (redução de 50% do tempo) e a perfuração em solo de 40 para 25 minutos (redução de 62% do tempo). Paralelamente, identificamos baixo rendimento em uma frente de rocha causado por martelos de fundo obsoletos; a substituição elevou a produtividade,reduzindo a perfuração de 80 para 40 minutos (redução de 50% do tempo). Outro gargalo superado foi a logística da argamassa: ao realocar a central para o térreo, junto ao estoque de cimento, o tempo de mistura caiu de 80 para 40 minutos (redução de 50% do tempo) e o abastecimento passou a ser contínuo, evitando paralisações. Criamos ainda um estoque mínimo de peças de manutenção, reduzindo paradas por falhas mecânicas, Também adotamos a antecipação dos serviços preliminares, com líderes iniciando 15 minutos antes para checar equipamentos e materiais,evitando atrasos e assegurando maior eficiência.

A execução das 579 estacas raiz foi concluída em apenas 5 meses, reduzindo 3 meses do previsto. O tempo de perfuração caiu de 40 para 25 min no solo e de 80 para 40 min na rocha, e a mobilização entre estacas diminuiu 50%. A mistura de argamassa passou de 80 para 40 min com abastecimento contínuo. A integração das equipes e a eliminação de paradas não programadas resultaram em maior eficiência, garantindo produtividade, cumprimento de cronograma e confiabilidade operacional.

A otimização na execução das estacas raiz gerou impactos diretos e positivos no cronograma e nos custos globais da obra. Sendo essa etapa parte do caminho crítico dentro da Curva S, sua antecipação em três meses proporcionou ganhos significativos em previsibilidade e eficiência na sequência das atividades. Considerando que cada mês de obra representa um custo fixo de R$135.399,00 em despesas indiretas, incluindo administração central, equipe de apoio, segurança, insumos e custos de canteiro, a economia total alcançada com a redução do prazo foi de R$406.197,00. Esses recursos, que seriam consumidos sem agregar valor direto ao produto final, foram eficientemente poupados. Além da redução imediata de custos, a antecipação contribuiu para a melhoria do desempenho financeiro do projeto, minimizando riscos no fluxo de caixa e fortalecendo a sustentabilidade econômica da obra como um todo.

A solução implementada permitiu a execução antecipada das 579 estacas raiz, reduzindo o prazo originalmente previsto de 8 meses para 5 meses. A integração do planejamento semanal, a substituição de equipamentos obsoletos, a reorganização logística da argamassa e a adoção de procedimentos padronizados possibilitaram ganhos de produtividade em solo e rocha.

Como resultado, o serviço foi concluído em 5 meses, três meses antes do previsto.

A otimização do processo de execução das estacas raiz permitiu maior eficiência operacional sem aumentar o contingente de equipes. Com planejamento integrado, procedimentos padronizados e equipamentos atualizados, cada frente alcançou ganhos de produtividade significativos, reduzindo horas ociosas e retrabalho. O tempo de perfuração, mobilização e abastecimento foi diminuído, resultando em menor necessidade de sobreposição de operadores e melhor aproveitamento da mão de obra existente, mantendo a qualidade e ritmo da obra.

No aspecto ambiental, reutilizamos a água das bombas de rebaixamento do lençol freático para a perfuração das estacas em trechos de solo, diminuindo o consumo de recursos hídricos e promovendo sustentabilidade. A integração entre equipes terceirizadas e engenharia fortaleceu colaboração, capacitação e responsabilidade, aumentando engajamento e segurança. Antecipação de serviços e manutenção preventiva reduziram riscos de acidentes. Operações mais previsíveis diminuíram impactos no entorno, ruídos e otimizaram transporte, gerando eficiência e respeito à comunidade.

A integração das equipes e padronização de processos aumentou o engajamento, cooperação e senso de responsabilidade. A obra passou a contar com maior previsibilidade e estabilidade operacional, redução de retrabalho, início de turnos mais eficiente e melhoria na segurança e na comunicação entre os colaboradores, fortalecendo a cultura de produtividade e qualidade.

A solução pode ser replicada em empreendimentos verticais de alto padrão localizados próximos a corpos hídricos, como o mar, onde há restrições geotécnicas e necessidade de fundações profundas. Também pode ser difundida para qualquer edificação vertical que haja a necessidade de estacas.

Para replicar os ganhos obtidos, é essencial integrar a equipe terceirizada ao planejamento semanal, garantindo alinhamento de metas e comunicação contínua. Equipamentos devem estar em condições adequadas e processos padronizados precisam ser implementados. É fundamental mapear gargalos logísticos, prever estoque mínimo de manutenção e promover verificações operacionais antes do início do turno. A cooperação, acompanhamento de desempenho e decisões baseadas em dados são determinantes para manter produtividade e estabilidade.

Para futuras obras, recomenda-se integrar planejamento e execução desde o início, envolvendo todos os parceiros, incluindo terceirizados. Adoção de equipamentos modernos, padronização de procedimentos e mapeamento logístico prévio são fundamentais. Manutenção preventiva com estoque mínimo, antecipação de verificações diárias e monitoramento contínuo por indicadores de produtividade potencializam resultados. A experiência mostrou que cooperação e gestão baseada em dados são essenciais para maximizar eficiência e reduzir custos.

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