Enquanto as casas e apartamentos ainda não se resumem a um clique, a automação residencial passou por mudança expressiva na última década e a tendência é de que o consumidor busque inovações que facilitem sua rotina, diminuam custos e priorizem a segurança. Com isso, o mercado imobiliário vem notando essa mudança de paradigma e busca avaliar para onde esse novo perfil de cliente quer chegar – e até onde pode.
Uma pesquisa da Deloitte, encomendada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), mostra que a incorporação das tecnologias e sistemas nas chamadas “casas inteligentes” é um caminho sem volta. Dos participantes da pesquisa, 10% já contavam com uma smart home, enquanto 30% pretendiam ter esse tipo de tecnologia nos próximos anos.
Já no estudo “Comportamento do Consumidor e Tendências para 2040”, a consultoria destacou que o mercado imobiliário deve se adaptar a novas tendências das futuras gerações de consumidores, permitindo a conexão dos eletrônicos. De acordo com a pesquisa, 6% dos entrevistados possuíam termostato inteligente, 10% assistente de automação residencial, 13% sistema de vigilância inteligente, 13% sistema de iluminação inteligente, 22% câmeras de monitoramento virtual residencial.
Segundo o documento, o papel das construtoras e incorporadoras no futuro indica que as edificações deverão ofertar espaços para que a tecnologia opere, facilitando a intercomunicação entre os equipamentos por Wi-Fi, “com uma configuração de cômodos mais abertos e interconectados”.
De tendência distante à realidade do momento
No setor, as construtoras e incorporadoras já utilizam de tecnologias da chamada indústria 4.0, um marco nos equipamentos inteligentes, apostando na conectividade com a internet e softwares. Além de facilitar a rotina, equipamentos modernos ajudam na segurança e contribuem para uma valorização maior do imóvel para investidores. Sensores de presença, biometria, sistemas de recarga de veículos elétricos são alguns dos pontos que podem trazer grandes benefícios para os moradores a longo prazo.
Segundo o Engenheiro Ramon Deschamps, da RDO Empreendimentos, estão entre tecnologias presentes em alguns empreendimentos, a gestão do condomínio/unidade de forma autônoma e intuitiva via aplicativo, caixa de correio inteligente, automação nas áreas comuns, controles de acesso com biometria facial/digital, fechadura eletrônica nos apartamentos e manual do proprietário digital.
— O morador consegue via aplicativo atender o seu visitante quando o mesmo toca o número do seu apto na portaria, conversar e, se necessário, abrir as portas de forma remota (onde quer que esteja). Além disso, é notificado quando uma encomenda chega e é depositada na caixa de correios inteligente; tem acesso às câmeras do condomínio, por exemplo, brinquedoteca, o morador pode monitorar o seu filho nesse ambiente. Ainda, pode fazer a reserva de espaços como salão de festas e academia — detalha.
Nos empreendimentos de lançamento da RDO, construtora da qual o engenheiro faz parte do time, não há a necessidade de ninguém estar em casa para receber uma encomenda, nem a necessidade de haver porteiro.
— O sistema é homologado pelos correios e uma empresa parceira opera o atendimento a encomendas e orienta/monitora o entregador depositar a encomenda na caixa de correio. O morador recebe uma notificação no ato da entrega e poderá, quando convir, retirar a encomenda recebida — explica o engenheiro.
Ainda, de acordo com o especialista, foi pensado em reduzir a necessidade de possuir vários controles (controle do ar condicionado, tv, som) e vários interruptores, facilitando ainda mais a rotina dos moradores.
— Colocamos cenas para facilitar o uso da tecnologia. Por exemplo, ao finalizar o treino na academia, o morador não precisa desligar luz, som, tv e ar condicionado; basta apertar a tecla “desligar tudo” — destaca.
Assim, o morador pode sair de casa, sem chave de casa, sem tag e se quiser, sem celular. Pois ao chegar em casa, o que ele precisa é somente ficar de frente para a câmera e acessar o prédio, depois utilizar sua digital para chegar ao apartamento. Ainda, por meio de uma plataforma com acesso ao manual do proprietário digitalizado, o morador pode ter acesso a todas as plantas baixas da sua unidade, abrir um chamado de assistência técnica e ter acesso a todas as informações, como especificações técnicas, manutenções preventivas, entre outros. Ele pode, por exemplo, estar com um problema com a sua persiana. Basta ele entrar na plataforma e digitar “persiana” e ali ele obterá todas as informações sobre esse sistema.
Tecnologia como referência na construção civil
A construtora RDO, com sede no bairro Kobrasol, em São José, está em constante aperfeiçoamento de seus processos com foco na melhoria da experiência de seus clientes. Um dos valores principais é a inovação. Até nas etapas de produção a utilização da tecnologia é uma referência, com uso de tablets no canteiro de obras, para diminuir o uso de papel. Ainda, os pontos dos funcionários são formalizados com biometria facial.
— Estamos sempre revisitando e nos questionando como podemos melhorar ainda mais. Frequentemente atendo startups, vou a congressos e eventos focados em inovação na construção, buscando insights. Fizemos parte também por dois anos do Enredes, liderado pelo Centro de Tecnologia de Edificações, onde formam grupos de estudos focados em áreas específicas de inovação na construção civil — completa o engenheiro.
Fonte: NSC Total