PRODUTIVIDADE, ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE NA PRIMEIRA OBRA PREDIAL A UTILIZAR O AÇO DE ALTA RESISTÊNCIA NO BRASIL

Neste empreendimento todos os blocos atingiram o nível do lençol freático, que estava 60 cm abaixo do nível do 2º subsolo, sendo necessário um sistema de bombeamento em tempo integral durante toda a escavação. Esta situação foi determinante para implementar a solução do aço de alta resistência pré-armado com forma incorporada na obra. A utilização de um volume menor de aço, potencializado com o uso do bloco armado com forma incorporada contribuíram para a velocidade e industrialização na etapa de fundação dessa obra. O projeto, inicialmente detalhado com o CA50, foi adaptado para utilização do aço de alta resistência CA50 S AR em blocos de fundação e vigas baldrame. Com isso, houve redução da quantidade de aço por m³ de concreto e as barras da armação positiva dos blocos ficaram com espaçamento maior que o previsto no projeto original, permitindo o encaixe dos blocos armados nos arranques das estacas com maior facilidade, velocidade e economia. O sistema adotado demanda menos mão de obra, reduzindo custos e prazo de execução, quando comparado a solução com aço convencional, armadura montada in loco e forma de madeira.

A obra Open View Aquarius foi a primeira obra predial no Brasil a utilizar o ArcelorMittal 50 S AR, aço de alta resistência da ArcelorMittal que tem limite de escoamento de 700 MPa. Com o lançamento do aço de alta resistência em 2021 a construtora Raposo Engenharia acionou o contato comercial da ArcelorMittal, que direcionou a consulta sobre o aço de alta resistência para a Engenharia Inovação, dando início ao estudo e avaliando o projeto com a participação ativa do projetista Sergio Elbeck, responsável técnico do projeto. Houve um alinhamento entre as dificuldades para execução da obra e as possíveis soluções disponibilizadas pela ArcelorMittal para auxiliar e minimizar as dificuldades. Com isso, foram apresentadas as possibilidades de aplicação do aço de alta resistência nos blocos e vigas da fundação e fornecimento dos blocos prontos com a forma incorporada, soluções que foram viabilizadas tecnica e economicamente. Após todas as verificações e validações dos envolvidos a empresa Produtime foi incorporada ao time multidisciplinar e elaborou o microplanejamento, acompanhamento e medição in loco da obra para validação dos resultados de produtividade estimados para o projeto.

A primeira atividade para aferir a produtividade foi a elaboração da micro programação e micro controle da execução dos blocos da obra. Estimamos as demandas de material, os esforços de transportes externo e interno necessários, a produtividade da mão-de-obra a ser alcançada e as dificuldades a serem vencidas para todos os blocos da obra. Foi realizado o plano de trabalho, subdividindo os blocos em grupos a serem atacados sucessivamente, de maneira a ter um fluxo otimizado de materiais e equipamentos. Tal cuidado garantiu tanto uma entrega ordenada e o máximo aproveitamento do caminhão do fornecedor, quanto a viabilidade da movimentação sem obstáculos para o equipamento de escavação e movimentação de gaiolas de aço dentro do canteiro. Foram feitas reuniões com os gestores da obra para apresentação, aprimoramento da programação e demais diretrizes para o serviço. A ArcelorMittal providenciou ainda um treinamento dos operários da obra para uso do novo produto. Através da presença da Produtime e com o uso de dados apropriados pela Raposo, o andamento físico e a produtividade na execução puderam ser avaliados ao longo do tempo, favorecendo algumas ações que superaram os objetivos.

Redução média de 42,9% na demanda por mão de obra para executar a armadura em 1 m³ de estrutura. Aumento de produtividade através da redução de 16% do peso de armadura e maior facilidade de posicionamento dos blocos. A produtividade na central de serviço aumentou em 23,3%. Redução média da RUP de 6,25 Hh/t do bloco com aço convencional para 4,49 Hh/t no bloco com o CA50 S AR, equivalente a 28%.

Com a utilização do aço de alta resistência foi obtida uma redução de 16% na taxa de aço por m³ de concreto, reduzindo, portanto, o custo de armadura em 12%. Além de 12% da economia do aço, houve também uma redução de 19% no custo da mão de obra.

Caso fosse executado no sistema convencional, ou seja, forma de madeira e aço convencional CA50, o prazo iria se estender em mais 45 dias devido à dificuldade encontrada pelo nível do lençol freático. A utilização do aço de alta resistência e a forma incorporada facilitou também a movimentação dentro do canteiro que possui uma área reduzida, sem espaço para estoque e montagem dos elementos.

Obra ainda em andamento, com previsão de conclusão dentro do prazo. A aplicação da solução da armadura pronta com forma incorporada e aço de alta resistência possibilitou eliminar aproximadamente 45 dias de atraso na etapa de fundação que aconteceriam devido à dificuldade causada pelo nível do lençol freático.

A redução no custo final na mão de obra por m³ de concreto inicialmente ficaria na faixa de 520,00 R$/ m³ e ficou em 420,00 R$/ m³ (-19%), incluindo o custo da armação, montagem da forma e concretagem dos blocos. Houve uma redução da quantidade carpinteiros, armadores e ajudantes. Inicialmente no sistema convencional precisaria ter no canteiro ao menos 10 operários e na média trabalharam apenas 6.

Desmaterialização, 16% redução do uso de aço, devido a aplicação do vergalhão de alta resistência, que evita a emissão de 5,7 t de CO2. Devido a utilização de forma incorporada, reduziu o uso e descarte de 700 m² de compensado nessa etapa da obra. Redução de 4 pessoas na equipe reduzindo riscos de acidente.

Obra limpa, menor geração de entulhos. Com a utilização do ArcelorMittal 50 S AR, facilitou o encaixe dos blocos nos arranques das estacas e montagem das vigas de travamento. Otimização espaço no canteiro. Equipe reduzida e mais produtiva. Aumento da eficiência na armação dos blocos pré-montados na central de serviço. Obra mais sustentável devido a desmaterialização. Ganhos para vários agentes da cadeia produtiva: - fornecedor (menos mão-de-obra para fornecer APS para cada m3 de bloco) - mão de obra de produção (menos Hh/t de armadura) - construtora (menos R$ por m3 de bloco) e obra dentro do cronograma - sociedade (redução no consumo de recursos naturais).

A verificação da viabilidade da aplicação deve ser analisada por tipo de elemento, pois para determinadas aplicações que exigem armadura mínima o aço convencional já atende a necessidade do projeto.

Durante a execução foi sugerida que as armações positivas dos blocos com forma incorporada não viessem soldadas e sim somente ponteadas com arame recozido. Isto facilita ainda mais o posicionamento dos blocos nos arranques das estacas. Podemos dizer que este sistema de armadura com aço de alta existência e forma incorporada em locais onde o lençol freático é alto auxilia muito na execução.