Artigo ProAcústica: A produtividade na acústica de edificações, por Marcos Holtz

Na acústica de ambientes construídos podemos atrelar o conceito de produtividade à forma como a engenharia e arquitetura se vale de fatores de produção para gerar soluções de desempenho acústico. Existem várias maneiras para a resolução de problemas acústicos. Por muitos anos, até o começo do século XX, eram resolvidos por tentativa e erro. A partir do desenvolvimento de microfones e de alto falantes a ciência da acústica se desenvolveu e criou ferramentas de engenharia com o máximo desempenho e menor custo possível.

Para obter produtividade e performance na acústica a fase de concepção dos projetos é fundamental. É o momento onde as soluções podem ser testadas para obtenção do melhor custo-benefício e desempenho. As etapas de projeto acústico e execução são fundamentais para produtividade. Ou seja, ao fazer certo desde o início, evitam-se as possíveis correções após a obra pronta. Na construção, o acompanhamento do especialista faz com que o desempenho que foi previsto no papel aconteça na realidade. Otimizações de obras podem acontecer e devem ser acompanhadas de perto para evitar surpresas.

Todos os sistemas construtivos têm características acústicas, como a capacidade de isolar, absorver ou espalhar os sons. A maneira como são utilizados vai fazer com que sejam efetivos ou não. Assim, muitas construtoras podem ter preferências por determinados sistemas, tais como blocos de concreto, cerâmico, gesso ou lajes maciças, cubeta e pré. Cabe ao projetista escolher as soluções mais adequadas e, em alguns casos, projetar algo específico conforme a necessidade. Nesse processo, por exemplo, é possível isolar sons com materiais leves e pesados e ambas as formas têm os prós e contras.

Na produtividade da construção de programas habitacionais o desempenho acústico é um pré-requisito e é levado muito a sério pelas entidades responsáveis pelo financiamento dos empreendimentos. Dessa forma, as questões de acústica devem ser previstas no momento dos estudos de viabilidade dos projetos.

A pandemia colocou as habitações brasileiras, que não estavam preparadas para se tornarem ambientes de trabalho, em situação desconfortável, pois o ruído começou a impactar na produtividade do trabalho. Com a nova realidade, muitos brasileiros buscaram adaptar os espaços residenciais que ainda são muito suscetíveis ao ruído. Esse aspecto contribuiu com o setor de varejo da construção civil durante esse período. As adaptações em portas e janelas são o ponto mais crítico, pois são o caminho preferencial dos ruídos externos e internos. Vizinhos também podem incomodar, mas boa parte dos problemas são resolvidos com boas práticas de convivência. Porém, quando o bom senso não consegue resolver os conflitos, reforços no isolamento acústico passam a ser necessários. Nesse caso a solução mais comum, que pode ser feita nas lajes ou nas paredes, é a utilização de drywall com lã mineral.

No ambiente de trabalho, muitos estudos já comprovaram que condições acústicas ruins são um dos maiores incômodos relatados por colaboradores em escritórios e impactam na produtividade. Distrações e perda de privacidade estão entre as principais consequências negativas de uma acústica inadequada. Por este ponto de vista, a construção de um escritório com um bom projeto acústico é um investimento com retorno possível, inclusive, de ser estimado.

Arq. Marcos Holtz, vice-presidente de Atividades Técnicas da ProAcústica, Associação Brasileira para a Qualidade Acústica