Garantir educação básica de qualidade na Amazônia é um desafio por conta da falta de acesso às poucas escolas que existem ali e distância entre as diversas comunidades locais. Para mudar tal realidade, a ONG Fundação Almerinda Malaquias, com apoio da Expedição Katerre, idealizou o Educação Ribeirinha, projeto que levará escolas comunitárias sustentáveis para a população ribeirinha do Rio Negro, no município de Novo Airão.
A ação atuará na construção ou reforma de 25 centros educacionais de povos isolados, que contarão com o projeto do Atelier Marko Brajovic. A ideia será integrar as construções ao entorno natural, resgatando os signos culturais das populações originárias destas regiões.
Além disso, os alunos terão acesso a aulas de educação ambiental no contraturno, com o objetivo de prepará-los para protagonizar resoluções ambientais para manter a floresta de pé. “Primeiro, vamos resgatar a arquitetura local, utilizando materiais produzidos pelas comunidades, o que facilita a manutenção dos espaços. Depois, a ideia é utilizar módulos que possam transformar as salas de aula em diferentes configurações, a depender das necessidades, o que garante um crescimento planejado e livre.
Por fim, permitiremos que as escolas criem identidade e identificação com a população que será atendida”, explica Marko. Utilizando principalmente de madeira local e sustentável, as escolas foram pensadas de maneira a aproveitar todos os benefícios da estrutura, investindo no vidro, para aproveitar a luz natural, e telhas de PET reciclado dos igarapés de Manaus. Já a arquitetura em módulos será criada de acordo com o tamanho das comunidades e da quantidade de alunos, com capacidade para até 12, 30 ou 60 pessoas.
O projeto também prevê a construção de casas de apoio ao professor, já que, muitas vezes, os docentes não moram na região e têm de se deslocar por muitos quilômetros para trabalhar. Além disso, cada unidade contará com sistema de energia solar, internet, cozinha para preparo da merenda, sanitários e fossas.
“Existe muito raciocínio por trás desse projeto”, conta Ruy Carlos Tone, presidente do conselho da Fundação Almerinda Malaquias. “Além de levar a educação, ele também gera renda, já que compramos os materiais da própria comunidade. É uma ação que empodera os povos indígenas e valoriza seus saberes locais”, afirma.