“Nós da Abividro queremos que o vidro seja visto como um contribuidor para processos mais eficientes da cadeia”, Mauricio Fernandes, Consultor Vidro Plano da Abividro

A Abividro – Associação Brasileira das Indústrias de Vidro, tem por objetivo promover e intensificar  a utilização do vidro, sistematizar informações de todos os setores da cadeia produtiva, estimular o contínuo aprimoramento técnico dessa atividade industrial e representá-la em tudo que for de seu interesse, e é uma das entidades parceiras que apoiam o movimento “Produtividade do Mesmo Lado’. Confira abaixo a entrevista realizada com o Consultor Vidro Plano, Mauricio Fernandes.

P: O Prêmio Produtividade Do Mesmo Lado é uma iniciativa do grupo de Entidades do setor da construção, com o propósito de reconhecer e promover as soluções voltadas para o desenvolvimento da inovação no setor. Como o senhor enxerga esta iniciativa?

É muito importante dar visibilidade às iniciativas da construção civil que tragam modernidade e velocidade aos projetos. O Prêmio Produtividade é uma oportunidade de alavancarmos novas soluções levando ao conhecimento geral e torná-las mais acessíveis ao público além de gerar relacionamento entre os elos da cadeia.

A indústria da construção deve se unir para alavancar a produtividade. Nós da Abividro queremos que o vidro seja visto como um contribuidor para processos mais eficientes da cadeia e acreditamos que a maneira de atingir este objetivo passa pela educação sobre o produto e setor. Em primeira mão, vamos lançar um EAD chamado ‘Educavidro’ em conjunto com outras entidades da cadeia do vidro focado no especificador  e nos atores que possam influenciar na tomada de decisão como órgãos públicos e  bombeiros buscando prover conhecimento para estes possam optar pelas melhores soluções de vidro para cada situação.

P: Como a Abividro tem contribuído para alavancar a eficiência na cadeia da construção?

O vidro é um material diferenciado que promove a passagem da luz natural, influenciando no bem-estar dos usuários. É um produto que demanda ser especificado nas fases iniciais (de projeto e planejamento) da obra e está alinhado com construções que utilizam o BIM, construções a seco e modulares. A dificuldade do uso eficiente do vidro aparece em obras com pouco planejamento pois acaba por se utilizar materiais de baixo valor agregado e até fora das especificações(normas) gerando perdas, riscos aos usuários e a entrega de menor valor para o cliente. Quanto mais vidro utilizar, mais leve será a construção, mais limpo o canteiro de obras e mais rápida a entrega dos empreendimentos.

A Abividro vem trabalhando para levar ao consumidor as informações necessárias para que exija o vidro “certo” para cada aplicação nos empreendimentos, gerando valor e segurança de um material eficiente e duradouro.

P: Qual o diferencial do vidro plano em termos de sustentabilidade e aumento da produtividade nos projetos?

O vidro deve chegar na construção já na especificação para instalação otimizando as atividades no canteiro de obras, aumentando a produtividade do fechamento das fachadas. Com 1/3 do peso da solução tradicional com cimento, tijolo, reboco possibilita reduzir fundações e estrutura podendo assim gerar maior área útil para o usuário final. Por ser infinitamente reciclado tem uma ótima sustentabilidade.

P: Quais são os exemplos de inovações mais utilizadas no vidro plano?

São muitas! Os vidros de eficiência energética, que reduz a necessidade de condicionamento de ar, vem se tornando mais comum em residências como também os vidros com proteção acústica. Existem vidros que oferecem isolamento acústico e térmico comparáveis aos da construção tradicional sem eliminar a passagem de luz natural. Em breve teremos fachadas de vidro que aproveitam a incidência solar para gerar energia. Também existem vidros autolimpantes e antivírus. São muitas inovações para incorporar nas construções do futuro.

P: Mesmo com a pandemia do novo coronavírus, o mercado imobiliário brasileiro se mostrou bastante resiliente. As vendas e lançamentos estão em nível recorde, de acordo com indicadores recentes da ABRAINC. Dentre os fatores, podemos destacar a permissão para a continuidade das obras nos canteiros, os avanços da tecnologia no setor, a manutenção dos juros do crédito habitacional em patamares baixos. Quais foram os impactos da pandemia na demanda pelo vidro plano?

O vidro plano atende, principalmente, o mercado da construção civil, seguido do automotivo e interiores (moveleiro e decoração). No início da pandemia, algumas unidades fabris foram forçadas a reduzir e até parar a produção. Foi uma situação muita atípica, pois fábricas de vidro são planejadas para trabalho sem interrupção por 15 a 20 anos independente da demanda e não devem ser desligadas. A retomada total da produção aconteceu em junho de 2020 e segue trabalhando em capacidade total para atender a demanda pelo material.

P: O senhor acredita que a prática recomendada para a correta utilização do vidro pode contribuir na disseminação de boas práticas nos canteiros de obras e assim, mais eficiência nos projetos?

O objetivo de desenvolver a prática recomendada é levar a comunicação para o último elo da cadeia, o comprador. Com uma linguagem mais simples, tentamos consolidar as informações básicas e responder dúvidas de especificadores e do consumidor. As normas brasileiras para o vidro plano são comparáveis com as melhores do mundo, porém, ainda pouco conhecidas do público. Assim, encontramos muitas vezes o vidro aplicado de maneira inadequada nas construções. Com o objetivo de sempre evoluir no uso do produto buscamos comunicar o que já está consolidado em normas e promover tendências de uso para o produto.

P: O vidro normatizado altera o valor da obra?

O vidro representa aproximadamente 1% do valor total de uma obra. Assim, o investimento adicional de usar um vidro dentro das normas e de maior valor agregado faz sentido e terá seu retorno na eficiência da edificação, com economia de energia, bem-estar, conforto térmico, acústico e a segurança dos usuários. Creio que temos que agir para educar o consumidor de que não se trata somente do preço, mas sim o valor que o material entrega.

P: A cadeia da logística reversa do vidro é composta por vários elos e cumpre as prerrogativas da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A Abividro é parte da intermediação entre as cooperativas e as empresas para a venda do material gerado?

Temos parceiros que fazem a coleta, manipulam e destinam os resíduos das obras dentro da cadeia. Um dos grandes desafios da indústria vidreira é a captação de cacos de vidro reciclar nos fornos. Esta dinâmica é mais percebida na indústria de vasilhames de vidro que no vidro plano – que fica instalado na obra por muitos anos até que esta passe por retrofit ou seja substituído por outros motivos. A demanda é diferente e a velocidade de retorno do produto também.

P: Para finalizar, gostaria que o senhor comentasse sobre a importância da produtividade e inovação na cadeia da construção civil.

Temos um déficit habitacional e precisamos construir habitações de forma rápida e barata, sem “abrir mão” da qualidade. Para que o consumidor se sinta seguro ao investir em unidades produzidas com processos e produtos inovadores devemos aprimorar a comunicação sobre estes e criar um ambiente seguro para este investimento. Então, a equação da produtividade é o maior número de metros quadrados construídos, com o menor custo de construção e menor necessidade de manutenção, resultando na realização do comprador com sua casa.