Investimento em fotovoltaica reduz custos e emissões
Grandes grupos de telecomunicação, construção e varejo estão investindo em energia solar para apoiar operações, reduzir custos de eletricidade e emissões de CO2. Dependendo do tamanho dos projetos, que em alguns casos acumulam mais de 400 mil painéis fotovoltaicos, a economia, combinada com outras fontes renováveis, pode superar R$ 100 milhões ao ano.
Na operadora Claro, a geração própria começou em 2017, com a instalação de 2,3 mil painéis em Várzea da Palma (MG). Hoje, são 52 usinas em operação, de diferentes matrizes, em 18 Estados. Somente de produção solar, há mais de 420 mil painéis instalados ou 60% da energia limpa produzida. O total gerado ultrapassa 300 gigawatts-hora (GWh). A meta é atender 80% do consumo da empresa com energia limpa, até 2023, diz o diretor de infraestrutura Hamilton Silva.
A energia é distribuída no entorno das usinas, entre residências e empresas. Depois, é computada como crédito e abatida do consumo das unidades da Claro. O investimento estimado, até hoje, é de mais de R$ 1 bilhão, diz Silva, que prevê a inauguração de mais 15 centrais até o final do ano.
Na construtora MRV, a utilização de energia solar em larga escala começou em 2017, nos empreendimentos lançados pelo grupo. Naquele ano, 30% dos residenciais saíram da planta com sistemas fotovoltaicos, gerando mais de 1,8 milhão de quilowatt-hora (kWh). Em 2018, a régua subiu e 60% das obras adotaram a facilidade. Em 2019, o índice foi para 70%, diz Raphael Lafetá, diretor executivo de relações institucionais e sustentabilidade.
A MRV também investiu na construção de duas usinas solares para consumo próprio, em escritórios, canteiros de obras e plantões de vendas. A primeira foi inaugurada em 2020, em Uberaba (MG), com dois mil painéis e potência instalada de 700 quilowatts-pico (kWp) – capaz de suprir o consumo de 25 mil habitantes por um mês. A economia anual estimada com energia elétrica é de R$ 800 mil. O objetivo em 2021 é lançar a segunda unidade, na Bahia.
Na opinião de Caio Guimarães, diretor de patrimônio da Vivo, a obtenção de energia por meio da geração distribuída, de pequenas usinas próximas aos pontos consumidores, também contribui para minimizar perdas no sistema e evitar os danos ambientais de grandes obras de geração.
O consumo da operadora é totalmente renovável desde 2018, quando migrou de um cenário com consumo de 26% de energia limpa, obtidos no mercado livre e na geração distribuída, para 100%, por meio da aquisição de certificados International Renewable Energy Certificates (I-RECs). Isso contribuiu para que a empresa reduzisse em 70% as emissões de CO2, ante 2015, diz.
O I-REC é um sistema global que possibilita o comércio de certificados de energia renovável. Por meio de uma plataforma on-line, as empresas podem comprovar a rastreabilidade da energia que consomem. Cada diploma equivale a 1 megawatt-hora (MWh) de força gerada por fonte limpa.
No ano passado, a Vivo acelerou a expansão da geração distribuída com o intuito de atingir mais de 70 usinas, de matriz solar, hídrica e biogás. Guimarães adianta que a solar será um dos principais recursos utilizados, com cerca de 60% do conjunto.
Do total previsto, 16 usinas estão em funcionamento em seis Estados, além do Distrito Federal. O restante deve estar operacional até o final do ano. “Com todas as unidades funcionando, produziremos cerca de 670 mil MWh/ano, o suficiente para abastecer uma cidade de até 300 mil habitantes.”
De acordo com o executivo, os gastos anuais da Vivo com energia chegam a cerca de R$ 1 bilhão e a geração própria representa uma redução de 10% no custo total ou uma economia de R$ 100 milhões, ao ano.
Na Renner, já são três “fazendas” solares, com potência instalada de 2 MW. Abastecem oito lojas no Rio de Janeiro, Porto Alegre (RS) e Brasília (DF) e proporcionam uma economia de até 27% nas tarifas. Os empreendimentos ficam em Vassouras (RJ), Pântano Grande (RS) e no Distrito Federal, e somam 5,9 mil painéis, explica o gerente geral de sustentabilidade Eduardo Ferlauto. Magazine Luiza, Banco do Brasil, TIM e Ambev também estão apostando em novos projetos de geração solar.
Publicada no Valor Econômico