Quando eu entrei na ABCP em 2002 recebi um denso material escrito pela Mckinsey que relacionava os riscos de mercado para os sistemas à base de cimento a partir de outros materiais que seriam pré-fabricados. Olhando aquele material e avaliando os riscos de perda de share de mercado ali mencionados, minha proposta para a indústria de cimento foi diferente: organizar a cadeia produtiva dos nossos sistemas para que, progressivamente, eles fossem ganhando qualidade e produtividade.

Criamos naquele momento um movimento chamado Comunidade da Construção. Ali se reuniam construtores, universidade, arquitetos, institutos de pesquisas, SENAI e a nossa cadeia fornecedora. A partir dali desenvolvemos cases emblemáticos, cadernos de melhores práticas, treinamentos, formatação de normas, viagens internacionais, resolução de gargalos, e muitos eventos.

Mais de 400 construtoras participaram desse movimento. O Programa Minha Casa Minha Vida mudou um pouco esse cenário. Tínhamos política pública e demanda por qualidade, prazo e produtividade. Nossa linha de trabalho permitiu que nossos sistemas conquistassem aproximadamente 80% do mercado da habitação popular.

Na alvenaria estrutural, que alguns ainda chamam de empilhar bloquinhos, um amplo trabalho envolvendo a cadeia fornecedora de blocos de concreto, resultou em empresas fortes, qualificadas e com grande capacidade produtiva. Mais de 100 empresas adquiriram o Selo de Qualidade.

Nas Paredes de Concreto, hoje com 150 players no Grupo de Trabalho, organizamos visitas internacionais, identificamos gargalos, trabalhamos pela viabilização do sistema (até então inovador do ponto de vista da Caixa) e por sua normalização.

Tudo isso envolvendo muito treinamento e capacitação de engenheiros, projetistas e mão-de-obra. Envolvendo o desenvolvimento de interface entre o sistema estrutural e os demais sistemas. Trabalhando o desenvolvimento de ferramentas e métodos para aumentar a produtividade.

E por que estou falando tudo isso? Porque existe no mercado a percepção do “salto mágico” da produtividade, momento no qual se “compra” no mercado algo que vem pronto e resolve nosso problema.

A experiência que temos na ABCP nos mostrou que o salto de produtividade depende dos avanços da cadeia fornecedora, da integração entre as partes, dos projetistas desenharem produtos com mais potencial de ganhos, das construtoras/incorporadoras realizarem uma boa gestão de todo processo. Entendo que o Prêmio de Produtividade joga luzes no esforço real de uma série de atores que, de forma integrada, conseguem resultados reais superiores e inspiram nosso setor a continuar a se desenvolver.

Valter Frigieri é diretor de Planejamento e Mercado da Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, coordenador do hubIC e membro do Comitê de Produtividade Do Mesmo Lado.

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